sexta-feira, 26 de abril de 2013

A dentista queimada viva e os bandidos patrocinados pelo Estado


Ouvi na rádio alguém comentar o caso da dentista queimada viva. A pessoa dizia que ela era de família simples, morava com a mãe, o pai e a irmã. A entrevistada contou que ela era uma pessoa boa que atendia pacientes de graça quando não tinham condições para pagar o tratamento dentário.
Aí esta pessoa pergunta indignada: "como a mãe dela vai viver agora?"

Ora bolas...
Sem filha.
Com uma cratera no peito e pesadelos ao dormir e acordar. Sem boa parte da renda.
E apenas aguardando a morte que talvez a anestesie a dor.

Agora, os bandidinhos, se foram pra cadeia, terão alimentação garantida...
não pagarão aluguel algum...
terão visitas íntimas...
e se derem muita sorte engravidarão periguetes e estas crianças terão pensão $$$$ garantida.


E aqui vai a reposta da minha amiga e grande repórter policial, Fabíola Figueiredo:
Amiga... Como essa mãe vai viver? Como? Impossível imaginar. Não sei se é possível uma mãe viver após a perda de um filho. Ainda mais uma perda covarde, brutal, cruel, impiedosa e sei lá mais o que como essa!
Amiga, querida. Eu, assim como os demais re
pórteres de jornais policiais como o Brasil Urgente, temos a difícil missão de todos os dias reportar, conviver, absorver, neutralizar a tristeza de destruições de família. Para que possamos cumprir nossa tarefa de todos os dias mostrar a realidade dura e violenta de um país que não proporciona a segurança que a população tem direito - por constituição - e ao mesmo tempo manter nossa mente sadia, temos que aprender a controlar a própria emoção, a não carregar para casa cada carga negativa, cada dor de parentes de vítimas que entrevistamos, cada tristeza profunda e infinita que descrevemos em nossos textos depois de sentir cara a cara nos olhares de pais, filhos, irmãos desesperados depois da morte de um ente querido e insubstituível.
Em treze anos de profissão, graças à luz de Deus e ao auto-controle adquirido por experiência, me considero uma jornalista que consegue separar o sofrimento de cada reportagem da minha vida pessoal.
Mas hoje, amiga, hoje cheguei em casa destruída! Depois de fazer a cobertura do velório e sepultamento da dentista queimada viva, QUEIMADA VIVA SÓ PORQUE NÃO TINHA DINHEIRO, encerrei o trabalho sem energia, sem esperança, sem acreditar nesta nação. 
O que passou na minha cabeça diante da cena daqueles pais tão humildes, tão simples, tão desolados???? 
Eu pergunto e respondo, amiga! 
Passou em minha cabeça o pensamento do qual fujo a cada reportagem. Me coloquei no lugar da dona Risoleda, mãe da dentista assassinada e tive a certeza de que se fosse eu aquela mãezinha, tenho a certeza de que teria me atirado dentro da sepultura para não permitir que minha filha fosse sozinha e para não ficar nesse mundo injusto, violento, covarde, maldoso.
Desculpe o desabafo, amiga... Mas sua postagem sensível e oportuna me fez vomitar todo o sentimento duro que encheu meu peito durante o dia de hj!
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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Julgando o meu primeiro julgamento

No sábado eu fui escalada para cobrir o meu primeiro julgamento.
E apesar de já ter quinze anos de profissão esta foi a primeira vez que vi o embate entre promotoria e defesa ao vivo.

Após a experiência posso dizer com todas as letras: É FASCINANTE!

O clima era de seriedade mas logo no início a enrolação do promotor, que gastou quase dez minutos agradecendo o juiz, o escrivão, a faxineira, os jurados, me levou a rir respeitosamente.

Estes, por sua vez, eram um grupo de jovens. Duvido que qualquer um deles tenha sequer a minha idade (33), e a jurada mulher me parecia ter 16 anos, mas como é necessário ter mais de 21 para ocupar uma cadeira no júri, imagino que ela tenha a idade mínima.

A juventude me preocupou porque achei inconsequente deixar nas mãos de pessoas com tão pouca experiência de vida, o resto da vida de outras pessoas.

Vinte e seis homens acusados pelo chamado "Massacre do Carandiru" estavam sentados do lado direito do juiz, à minha esquerda.  Olhei para a maioria deles e me impressionei ao ver tantos senhores de cabelos brancos e rostos aparentemente incrédulos. Alguns aparentavam deboche, outros desconforto.
Imaginei que algum deles diria: Maldito dia em que pisei no Carandiru.

Cheguei a ter pena, mas como Rui Barbosa bem lembrou, "os canalhas também envelhecem".

Eles aguardaram 20 anos para este julgamento e durante 3 horas de apresentação da promotoria, ficaram estáticos em seus lugares.
Eu, por outro lado, me mexia desconfortável na poltrona, tentando ouvir o que o promotor Fernando Pereira da Silva dizia. Ele parecia uma pastor dando um sermão para os fiéis. Horas elevava a voz e era energético. Outras vezes sussurrava tão baixo que todos os colegas jornalistas se inclinavam levemente para tentar compreender o que era dito.

A própria advogada de defesa mudou de lugar. Saiu do seu posto ao lado dos réus para ocupar uma poltrona no meio da platéia em frente.

Mas a mágica estava na lábia do promotor. Laudos com trajetórias das balas... Números contundentes... Comparações históricas... Quando acabou, eu tive pena da Dra. Ieda Ribeiro de Souza. Como ela iria rebater tudo aquilo? Provas incontestáveis...

Foi neste momento que resolvi não ir embora, mesmo com a chegada do meu colega Sandro Barboza ao tribunal. Liguei para a minha família e avisei que não sairia do Fórum da Barra Funda até ver o argumento da defesa.

Não me arrependi da decisão.

Após mais uma sessão de agradecimentos desnecessários, o clima começou a esquentar. Enquanto o promotor pintou o grupo como um coletivo de irresponsáveis, a defesa focou nos indivíduos. Pais de família, condecorados, batalhadores. Defensores dos cidadãos que foram colocados em um ambiente hostil, em um momento onde a PM não tinha equipamentos adequados e não podia se responsabilizar por alterações nas cenas dos crimes porque entrou, agiu e saiu. Ponto.

A Dra. era enfática. Energética. Passional.

No primeiro round do dia achávamos que não tinha volta e que não haveria réplica ou tréplica. Mas como ela causou feridas na acusação, o julgamento ficou ainda mais longo.

Para a minha frustração, não pude continuar acompanhando este jogo de xadrez, de pinceladas em brechas legais, de mocinhos e bandidos ao contrário.

Deixei o fórum curiosa e vibrando com a perspicácia desses advogados que só pela quantidade de papéis nas mesas, devotaram muito tempo para entender um dos dias mais marcantes da história criminal do País.

Soube pelo Sandro que a briga continuou boa depois que saí, mas que o outro promotor, Márcio Friggi, foi ainda mais competente e carismático, ganhando os jurados e conseguindo a condenação dos réus.

Seja como for, a experiência jornalística foi inesquecível e me fez ter mais respeito pelo processo jurídico.
Cheio de falhas, de enrolações, de homenagens sem propósito. Mas com muito estudo, paixão, envolvimento, jogo de cintura e coragem. Sendo essa a principal característica que vi nas oito horas de julgamento que presenciei.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Encarando a nutricionista de cabeça erguida

Me lembro bem da primeira consulta com a Dra Renata Sagretti. Foi um momento vergonhoso.

Dia 12 de dezembro do ano passado eu contabilizava: risoles, Mc Donald's, Coca-Cola, risotos, cerveja, chocolate...
Tudo que qualquer pessoa, minimamente informada, sabe que não é saudável se consumido com freqüência.

Hoje, pouco mais de quatro meses depois, tenho o orgulho de dizer que tudo isso é parte do passado e sem grandes sofrimentos.

Passo pelo Mc sem salivar. Olho para o risole e não tento agarrá-lo. A Coca virou Coca Zero. A cerveja um petisco raro e o chocolate passou para amargo e, quando de boa procedência, delicioso.

O resultado está nos números que Dra. Renata coletou em nosso novo encontro.
Veja só:
                          antes     agora
Tórax                 92         90
Peitoral               90        90
Cintura               75        72
Abdômen           85        80
Quadril               99        94
Coxa Direita       54        52
e por aí vai.......

Sem falar nas perdas de gordura. Só na coxa caiu de 23 para 15.

E tudo isso praticamente só com mudanças na alimentação porque o meu empenho na ginástica foi muito pequeno. Aliás, faz mais de um mês que não piso na academia do prédio.

Saí do consultório com orgulho e com mais vontade de continuar a me alimentar bem. 

Não quero e não vou emagrecer mais. 

Continuo com os 55,3 kg que postei há algum tempo aqui no blog, mesmo tendo pecado em um momento ou outro. Mas a prática da boa alimentação me fez eu me sentir melhor, mais leve, mais saudável...

E apesar dos meus exames (fiz há uma semana) terem mostrado grande melhora nos índices de colesterol e triglicérides, não foi o suficiente. Há dois dias tomo o remédio que o meu médico indicou. 
Mas tudo bem. Genética do inferno é genética do inferno.

A meta é a seguinte;

Seguir em frente comendo bem e direito.
Pecar muita raramente.
E tentar fazer exercícios.

Quando a terceira meta for constante eu farei novos exames e verei o resultado.
Sem medo e sem desânimo.